Governo e troika afundam a escola
…mas o 15 de Outubro abriu a via para uma nova alternativa
A pauperização da sociedade e os ataques organizados pelo governo e a troika BCE-UE-FMI, nomeadamente à escola e ao emprego e salário dos professores, têm desde o 15 de Outubro último uma nova barreira: naquele dia, cerca de 25 mil manifestantes em Lisboa, e ainda outros milhares no Porto, Braga, Faro, etc, saíram à rua, novamente à revelia das direcções sindicais tradicionais, e demonstraram que era possível de forma democrática e combativa fazer frente a Passos Coelho: em Lisboa, a manifestação dirigiu-se do Marquês de Pombal para S. Bento e nas escadarias do mesmo parlamento onde têm sido aprovados “democraticamente” injustos ataques à população mais de 50 cidadãos – na sua maioria jovens trabalhadores onde se incluíam muitos professores a quem o primeiro-ministro tinha nas vésperas ameaçado de roubar os subsídios de férias e natal no próximo ano – acederam ao microfone e livremente, e em Assembleia Popular, expressaram as suas opiniões sobre as razões da sua adesão àquela mobilização e indignação contra o aprofundamento da crise social e económica e debateram a continuação da luta. As propostas foram votadas depois pelos manifestantes presentes: apelo às direcções sindicais para organizarem uma greve geral; pela continuidade do movimento com a marcação de novas manifestações no dia da votação do OGE e na greve geral; exigência da suspensão do pagamento da dívida que governo e banqueiros têm usado para empobrecer o povo português em benefício dos seus privilégios e da economia de casino…
Novos 15 de Outubro são necessários
O 15 de Outubro, ocorrido escassos meses após a tomada de posse do actual governo, aprofundou a experiência de mobilização do 12 de Março - que contribuiu decisivamente para o derrube do odiado governo de José Sócrates - e fez ainda recordar a manifestação docente independente de 15 de Novembro de 2008 quando toda a classe estava em luta aberta contra Lurdes Rodrigues. Apesar de também participarmos ao lado de outros colegas nas mobilizações convocadas pelas direcções sindicais tradicionais – CGTP, FENPROF, SPGL… - como sejam a de 1 de Outubro, 12 de Novembro e greve geral de 24 de Novembro, temos a convicção que para parar o crime social em curso - que já nos colocou ao lado da Grécia -, é necessário preparar democraticamente na base amplas e fortes lutas, que aqueles dirigentes são incapazes de impulsionar devido às suas amarras com os memorandos, entendimentos, controlos desmobilizadores, etc.

A dignidade docente está na luta
A experiência de luta e democracia de base das mobilizações de 15 de Outubro são um exemplo e uma esperança para todos os que estão ligados à educação – professores, funcionários, alunos e pais - e também a porta aberta para a possibilidade real de travar o empobrecimento da sociedade e da escola a que nos conduz a “engenharia financeira” dos banqueiros e governantes nacionais e europeus: em 2012 serão retirados à educação e escolas cerca de 1500 milhões de euros; a generalidade dos docentes irá ver o seu salário diminuir em mais de 20% por via do imposto especial sobre o 13º mês já em 2011 e cortes daquele e 14º mês em 2012 e 2013; mais 12 mil professores contratados já foram lançados no desemprego, e já se prevêem despedimentos nos quadros e “reformas curriculares” à medida da troika; aumenta o número de alunos por turma, incluindo no ensino especial; inúmeras escolas debatem-se com faltas de pessoal auxiliar, faltando assim o apoio aos crescentes casos de indisciplina discente; a subnutrição e crise social profunda crescem entre os nossos alunos e respectivas famílias…
As salas de professores podem ser os locais da indignação e recuperação da dignidade docente e onde se debate a forma de reagir a estes ataques, organizando também o protesto, pequeno ou grande, em cada escola, cidade ou praça. Novos 15 de Outubro são necessários!

Estivemos lá...
...no Rossio, a 10/09, no “Protesto de Professores Contratados e Desempregados”...
...na manifestação da FENPROF/CGTP no Largo Camões, a 16/09...
...no Plenário de Professores Contratados e Desempregados no Auditório do Liceu Camões, a 17/09...
...a 29/09, em unidade, ocupando as instalações do Ministério da Educação durante 25 horas, contra os contratos mensais e as arbitrariedades impostas pelo ministro talhante Nuno Crato...
...contra as políticas (des)educativas de Nuno Crato e o (des)governo de Passos Coelho, participámos em Lisboa na Manifestação da CGTP a 1/10...
... estivemos, desde o início e em unidade com outros 36 movimentos sociais na preparação da Manifestação Internacional de 15/10 contra o roubo que 1% da população mundial leva a cabo, contra os interesses dos outros 99%...

...e continuaremos a estar...
Estaremos também a 10/11 frente à Assembleia da República, contra a proposta de OGE de Passos Coelho-Troika dizendo “Parlamento, este não é o nosso Orçamento!”
...no dia 12/11 voltaremos a sair à rua com outros sectores da Função Pública na Manifestação Nacional, no mesmo dia em que os militares também saem à rua.
..faremos parte da GREVE GERAL de 24/11, em todas as Escolas e instituições de Ensino, mas também nas ruas onde participaremos das manifestações previstas!
  • O Movimento 3R’s juntar-se-á, nas Escolas e nas ruas, à indignação e revolta popular... e isto é só o início!