Ontem, dia 16 de Julho de 2009, o Ministério da Educação demonstrou mais uma vez a sua falta de respeito pela classe docente e a sua fobia por qualquer forma de protesto legítima por parte desta. Isso foi evidente nomeadamente nas sucessivas alterações de local da reunião (depois de ter alterado três vezes o local da reunião em menos de uma semana: primeiro Av. 5 de Outubro, segundo no Conselho Nacional de Educação, terceiro na DGRHE e ,com menos de 24h de antecedência, novamente para a 5 de Outubro). O conjunto de professores e educadores que pretende Renovar, Refundar e Rejuvenescer o movimento reivindicativo docente esteve mais uma vez presente nomeadamente com o seguinte comunicado:

NÃO ESPERAR POR OUTUBRO

Como no passado, estamos dispostos a apoiar toda a mobilização/luta contra este governo e as suas políticas, independentemente se essa luta é dinamizada pelos sindicatos ou fora destes. No entanto, não queremos esperar pelo próximo governo para ver o que este faz… sabemos que sem a nossa luta forte e democrática, o próximo governo PS ou PSD será mais do mesmo. Por isso não devemos esperar por Outubro.

Criminosa gestão de recursos humanos por parte do Governo Sócrates

É quase inacreditável que, com as milhares de reformas antecipadas, devido à erosão das condições que se vive nas escolas portuguesas, o resultado do concurso para os quadros este ano tenha apenas admitido menos de 500 novos colegas, quando o próprio Ministério da Educação admite precisar de colocar mais de 38 000 professores!... Isto significa que o ME vai mais uma vez recorrer a milhares de contratos precários para suprir necessidades essenciais das escolas. Apregoando que este concurso iria aumentar a “estabilidade” no sistema educativo, o ME mantém de facto a mesma política de precarização generalizada – à semelhança do que acontece nos restantes sectores da Função Pública, onde a palavra de ordem é “poupar, poupar”… para que, dessa maneira, os dinheiros públicos (que deveriam contribuir para melhores serviços de saúde e educação) sejam canalizados para os banqueiros!

Estas políticas (des)educativas e anti-sociais têm de acabar, e por isso toda as nossas formas de protesto durante o último ano lectivo foram justas (manifestações de 8 Novembro, 15 de Novembro, 24 Janeiro e 30 Maio; e as greves de 2 Dezembro e de 19 Janeiro).

Os outros trabalhadores da Função Pública estão a ser igualmente atacados por injustas divisões de carreira, perda de direitos, aumento da idade reforma e precariedade crescente (ex. os enfermeiros) e também têm lutado contra esta política. Se o governo está unido nesse ataque nos seus diferentes ministérios, será que nós não aumentaríamos a possibilidade de ganhar a luta, unindo-nos na luta com outros trabalhadores da Função Pública?

O ataque à escola e aos serviços públicos vai continuar em 2009/2010

Independentemente do governo que sair das próximas eleições legislativas, que será composto maioritariamente ou pelo PS ou pelo PSD, o ataque à escola pública irá continuar. Apenas lembrar que a Ferreira Leite não há muito tempo foi Ministra da Educação e não deixou propriamente saudades aos professoresOs professores não devem ter a ilusão que a sua luta sairá vitoriosa em resultado das eleições no dia 27 de Setembro. Por isso, os nossos dirigentes sindicais, deveriam desde já estar a planear formas de mobilização da classe para o início ano lectivo. Sobretudo deveriam adoptar um modelo realmente democrático para que fossem os professores de base a decidir a sua luta, e não formas de luta que a esmagadora maioria dos professores não decidiu nem compreende (o exemplo mais recente foi a última greve de dois tempos e a sua fraquíssima adesão). Defendemos que a melhor forma da nossa classe se mobilizar é permitindo que esta participe realmente nas decisões de uma forma plural e democrática. Nesse sentido, defendemos que a FENPROF deveria, no início do próximo ano lectivo, dinamizar um grande Encontro Nacional de Professores em luta. Este Encontro seria precedido por reuniões nas escolas, de Norte a Sul, que discutiriam as formas de luta a adoptar durante o ano lectivo de 2009/2010 e elegeriam directamente os seus representantes por escola. Dessa forma, a decisão de um calendário de luta seria muito mais participada e plural, o que só poderia ajudar na nossa luta contra este governo dos banqueiros e dos poderosos, inimigo declarado dos professores e de todos os trabalhadores.

Renovar, Refundar e Rejuvenescer o movimento reivindicativo dos professores

Deixa-nos o teu contacto em 3rSPGL2009@gmail.com