Após a greve geral de 24 de Novembro, as direcções sindicais– incluindo as da FENPROF e do SPGL – e os partidos da esquerda parlamentar fizeram o favor ao governo Sócrates de impor tréguas sociais, em lugar de discutirem com os professores e os outros trabalhadores a necessidade de prosseguirmos as formas de mobilização para derrotar o governo e os seus PECs. Assim, tal como aconteceu em muitas outras lutas, aquela não estava animada da vontade de travar a política governamental, e preservou o governo e o seu candidato presidencial de uma contestação social continuada e mais forte. Esta esquerda nem mesmo se preocupou em construir uma verdadeira candidatura alternativa para as eleições presidenciais – uma candidatura que teria que ser sempre contra Cavaco e contra Sócrates, que têm sido, juntos e desde há 8 anos, os maiores carrascos dos professores e da escola pública.
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Houve trégua na luta, mas nem por isso o Governo deu tréguas aos professores… O ME prepara-se para diminuir brutalmente o número de horários agora e no próximo ano lectivo. Perante isto, o que propuseram as direcções sindicais? Sem consultar ninguém,tiraram da manga: providências cautelares nos tribunais… impugnação individual dos cortes salariais… envio de postais para “pressionar” o ME a abrir concurso… e, enfim, uma grande iniciativa pública em Março… Foi esta mesma prática que deu cabo das grandes mobilizações de 2008.
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Não estamos contra batalhas jurídicas e abaixo-assinados se estes ajudam a mobilizar a classe, assim como acolhemos a iniciativa de Março como (mais) um momento importante de mobilização da classe docente. Mas será isso que nos permitirá travar este governo ao serviço dos banqueiros e poderosos? Serão estas iniciativas, a par de reuniões negociais na lógica do mal menor, capazes de derrotar o governo, os seus planos de austeridade e as medidas contra a escola pública? Não é verdade que décadas desta estratégia têm conduzido os professores e os restantes trabalhadores à perda de direitos e conquistas importantíssimas?
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Uma direcção sindical democrática e combativa colocaria à discussão da classe e dos restantes trabalhadores a necessidade de uma nova greve geral, de dois ou mais dias, com uma manifestação nacional, organizada e discutida amplamente na base, que deveria ser chamada a decidir sobre a mesma.
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É por isso que precisamos, como de pão para a boca, de direcções alternativas no movimento sindical – direcções que acreditem na capacidade de luta da sua base e pratiquem a verdadeira democracia, respeitando o mandato dessa mesma base.
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Nota: O movimento 3R’s já na greve geral de Novembro avisou (como se pode verificar nomeadamente em antigos artigos neste site) que os dirigentes sindicais se preparavam para dar tréguas de vários meses ao governo… Infelizmente tínhamos razão.