Cartilha do bom sindicalista ou o retrato do sindicalismo-que-temos‏


Ponto 1 - Os dirigentes sindicais não são passíveis de serem criticados, sejam quais forem as asneiras que pratiquem.
 Ponto 2 - Os ignaros que se atreverem a denunciar as estratégias erradas desses deuses do Olimpo (verdadeiros dinossauros do sindicalismo-que-temos) são mimoseados com os epítetos mais desprezíveis e considerados abaixo de gente.
Ponto 3 - As lutas e movimentações da classe SÓ podem ser concebidas, dirigidas e levadas a cabo sob a égide dos referidos deuses, donde resulta o corolário de que todas as iniciativas das bases serão necessáriamente boicotadas e esvaziadas, seja por que meios forem, independentemente do seu eventual mérito.
Ponto 4 - A evidente subordinação dos citados dirigentes e suas políticas às mais mesquinhas lógicas e interesses partidários é em si mesmo um bem supremo a prosseguir de todas as maneiras.
Ponto 5 - Os dirigentes sindicais nunca deverão fazer qualquer auto-crítica, mesmo perante as maiores derrotas.
Ponto 6 - Sempre que os dirigentes sindicais se recusem a avançar com formas de luta mais concretas e incisivas (pactuando activamente com o inimigo), as bases devem aguardar serenamente por melhores dias, com aquele espírito de rebanho que caracteriza a ideologia partidária subjacente.
Ponto 7 - É do maior interesse para a classe que, devido às excepcionais qualidades evidenciadas por esses grandes líderes, eles se mantenham no desempenho dos seus altos cargos pelo maior número de anos (décadas?) através da conveniente blindagem do estatutos.
Ponto 8 - A prática de referendar as decisões mais importantes antes de assinar acordos, memorandos e outros, incluindo formas de luta avançadas, é considerada algo de fundamentalmente subversivo e que só deverá acontecer se (e só se) o resultado esperado coincidir com a decisão já previamente tomada pelos directórios.

Por estes e muitos outros motivos, podem contar comigo no Encontro de professores e educadores dia 1 Novembro em Carcavelos.

José Oliveira – Professor de Sintra