Adaptado de um texto que nos enviaram

GREVE  GERAL
Aconteceu numa 5ª feira de 1890. Eram cerca de 8000 operários nas ruas de Lisboa. Decidiram rumar ao cemitério dos Prazeres e prestar homenagem a José Fontana, fundador da Fraternidade Operária e um dos primeiros socialistas em Portugal. Ali mesmo vários tomaram a palavra para defender uam coisa simples: uma jornada máxima de 8 horas de trabalho por dia. No ano anterior, em Paris, um congresso de trabalhadores reunia-se para apelar a que naquela 5ª feira de 1890 as ruas e praças fossem ocupadas não só em Lisboa mas em todo o mundo para lembrar os mártires de Chicago. Quatro anos antes em Chicago, foi em nome dessas mesmas 8 horas que meio milhão de trabalhadores fizeram greve e marcharam pela cidade. A polícia reprimiu a manifestação, matou dezenas de grevistas e julgou os responsáveis. Georg Engel, Adolf Fischer, Albert Parsons e Auguste Spies foram enforcados. Em cada 1º de Maio o mundo recorda-os.

Nessa altura em Portugal como pelo mundo, o contrato de trabalho quase não existia. Nem férias, nem protecção na doença, nem segurança social nem educação pública. Os trabalhadores começavam a juntar-se em associações de socorros mútuos. Os sindicatos eram coligações operárias ilegais. A greve era proibida. Mesmo proibidos os trabalhafdores paravam. Havia o medo e a incerteza do resultado. Mas arriscavam. Foi assim em 1842 na Inglaterra e em Gales. Foi assim em Portugal em 1849. Em Chicago em 1886. E não mais parou. Foram greves que trouxeram saúde e educação, impostos para os mais ricos e até o sufrágio unversal. Os trabalhadores não faziam greve porque tinham contrato e direitos. Tiveram contrato e direitos porque fizeram greve. Estamos em 2011 e Portugal mudou muito e esqueceu muito. Há 900 mil trabalhadores sem contrato de trabalho: passam recibos verdes  e na lei não se prevê que façam greve.  Mais de 700 mil não encontram trabalho. Dois milhões são precários.  Muitos, se querem juntar-se têm de fazê-lo clandestinamente.


Se em 1891 o governo monárquico fixava as 8 horas para alguns sectores, 120 anos depois o governo já decidiu que quer acabar com isso e vai aumentar meia hora por dia o horário dos trabalhadores. Os patrões agradecem e calculam o lucro que lhes vai dar o dia de trabalho gratuito.
Na Grécia como em Portugal, se hoje o capitalismo tolera o sufrágio, ele dispensa a democracia. Se não propõe a escravatura ele exerce-a de novas formas. Se não proíbe a greve, expulsa os trabalhadores do contrato. E a ditadura da dívida dita a impossibilidade de escolhas. Vai acontecer em 24 de Novembro. Há quem diga que não vale a pena porque se perde o dia de salário ou se arrisca o contrato ou porque se não o temos ela não é para nós. Mas nunca fizemos greve por termos contrato e direitos. Teremos contrato e direitos SE fizermos greve.

Há quem diga que nós não temos nada a ver com esta greve geral, que estamos bem obrigado. Mas isso é mentira! Na próxima 6ª feira já vais ver o teu 13º mês reduzido pela irresponsabilidade de quem nos tem governado.  Já viste o IVA aumentado na electricidade, os aumentos brutais nos transportes, educação, saúde, etc. Querem aumentar-nos o horário de trabalho e reduzir os nossos direitos. Querem conduzir-nos à escravatura moderna. O progresso está em marcha-atrás. O crescimemto dos muitos ricos aumenta à medida que ficamos mais pobres, mais calados, mais um número apenas.

É preciso pagar a dívida? Mas primeiro mostrem-nos as contas! Exigimos uma auditoria pública independente a todos e cada um dos contratos da dívida. Não vamos continuar a acreditar em quem não tem feito outra coisa senão mentir, explorar e roubar. Não passamos cheques em branco. Exigimos respeito! Enquanto não se concluir essa auditoria popular, paremos a sangria/fuga de dinheiro da Saúde, Educação e Segurança Social Pública para pagar essa dívida. Suspendamos o pagamento da dívida para podermos investir no emprego, aumentar os salários de miséria e parar a destruição dos serviços públicos fundamentais enquanto não soubermos quem fez esta dívida que nos asfixia cada vez mais. Que quem lucrou com a dívida que a pague!

AMANHÃ TALVEZ TENHA DE ME SENTAR FRENTE AOS MEUS FILHOS E DIZER-LHES QUE FOMOS DERROTADOS, QUE NÃO SOUBEMOS COMO FAZER PARA GANHAR. MAS NÃO PODERIA OLHÁ-LOS NOS OLHOS E DIZER-LHES QUE ELES VIVEM ASSIM PORQUE EU NÃO TIVE CORAGEM PARA LUTAR.

DIA 24 DE NOVEMBRO: GREVE GERAL E MANIFESTAÇÃO ÀS 14H30 NO MARQUÊS DO POMBAL. Ponto de Encontro à frente do Diário de Notícias.